As
cidades estão a ganhar cada vez mais habitantes – 66% da população
mundial viverá em zonas urbanas até 2050 – e não são só os seres humanos
a fazer delas a sua casa. Atraídos pela comida abundante e protegidos
de perigos como a caça, muitos animais têm descoberto formas de viver na “selva urbana”.
É chegada a hora, dizem os cientistas, de se desenvolverem novas formas para as pessoas e a fauna selvagem viverem lado a lado e de começarmos a encará-la como “uma de nós”, já que as zonas urbanas podem contribuir para a conservação das espécies nativas.
“A conservação urbana é uma grande oportunidade, tanto para as pessoas como para a vida selvagem nativa", diz Kylie Soanes, cientista da Universidade de Melbourne.
É chegada a hora, dizem os cientistas, de se desenvolverem novas formas para as pessoas e a fauna selvagem viverem lado a lado e de começarmos a encará-la como “uma de nós”, já que as zonas urbanas podem contribuir para a conservação das espécies nativas.
“A conservação urbana é uma grande oportunidade, tanto para as pessoas como para a vida selvagem nativa", diz Kylie Soanes, cientista da Universidade de Melbourne.
"Quer seja ao se instalar uma caixa-ninho num quintal, um hotel para abelhas no jardim de um café ou uma passagem para a vida selvagem numa estrada local, a conservação urbana permite às pessoas tomar medidas positivas nas suas próprias casas, locais de trabalho e comunidades. Tomadas individualmente, estas medidas podem parecer pequenas. Mas o seu efeito combinado pode fazer uma enorme diferença no que diz respeito à capacidade dos animais nativos sobreviverem nas cidades”, conta a cientista.
Pisco-de-peito-ruivo | Foto: Andrew Alexander
Nos últimos anos, são cada vez mais os cientistas e conservacionistas a trabalhar em conjunto com planeadores urbanos, arquitetos e artistas de modo a desenvolver soluções criativas para a partilha do meio urbano com a vida selvagem.
A Importância das Árvores
“O primeiro passo a tomar é apercebermo-nos de que os espaços para a conservação urbana não têm de ser amplos. Mesmo uma árvore solitária pode ser o meio de subsistência da vida selvagem nativa. Investigadores da Universidade Nacional Australiana em Canberra descobriram que as árvores grandes e velhas são locais de nidificação e alimentação críticos para uma enorme variedade de animais nas zonas urbanas. Uma vez perdidas, são necessárias centenas de anos para as substituir, o que torna vital a proteção das que nos restam”, diz a cientista num artigo para o The Guardian.Estes fatores devem ser tidos em consideração, quando os ramos das árvores se partem e causam danos. “Em vez de se remover toda a árvore, muitas câmaras estão a optar por podar os ramos perigosos e conservar o resto da árvore para a vida selvagem. Podem-se criar cavidades artificiais nelas e adicionar caixas-ninho para se recriarem os espaços de nidificação dos pássaros e dos mamíferos nativos”.
Ouriço-cacheiro | Foto: Alexas Fotos
Ninhos, Hotéis para Abelhas e Flores
A conservação urbana, diz Kylie Soanes, é algo em que todos os habitantes das cidades podem participar, criando novos habitats e recursos nas suas comunidades. A cientista destaca exemplos como as caixas-ninho que ajudam aves, esquilos e morcegos, os hotéis para abelhas e ainda o programa “De piscina a lago”, do Conselho de Ku-ring-gai, na Austrália, que ajuda os residentes a converter piscinas que não são utilizadas em habitats para peixes, sapos e tartarugas nativas. Cultivar plantas melíferas e flores variadas é outra forma simples de se ajudarem os polinizadores urbanos.Gerir os espaços habitados por estes animais, que vão desde cemitérios a estações de tratamento de águas residuais, de forma a protegê-los é outro passo para se garantir a sobrevivência da vida selvagem urbana.
Cegonha-branca | Foto: Felix Brönnimann
Telhados e Paredes Verdes
“A recente revolução dos telhados e paredes verdes abre ainda mais caminhos para a vida selvagem na cidade”, conta. “Podem fornecer habitat para as abelhas, borboletas, escaravelhos e aves e estão a tornar-se mais comuns nos edifícios um pouco por todo o mundo. Estas estruturas não são só fantásticas para a fauna selvagem como também servem de oásis verdes para os seres humanos.”
Abelha | Foto: Meli1670
Pontes e Passagens Subterrâneas
No entanto, a cidade também está repleta de perigos para estes "habitantes": carros, vedações, janelas, animais domésticos, cabos elétricos, ruído, pesticidas, etc.. Para se combaterem as consequências destas ameaças, podem-se desenvolver novas estruturas e estratégias. A construção de pontes ou passagens subterrâneas para a vida selvagem, por exemplo, é uma boa forma de ajudar os animais a atravessar estradas em segurança. Estas estruturas são construídas em locais onde os animais costumam atravessar e são colocadas vedações para os ajudar a encontrar a entrada da estrutura.
Coruja-das-torres | Foto: Skeeze
Vidros com Padrões
Para evitar a colisão dos pássaros com as janelas, que resulta tantas vezes na sua morte, vários edifícios têm vindo a incorporar padrões nos seus vidros. Foi o que fez o Centro de Convenções de Jacob K. Javits, em Manhattan, conseguindo reduzir o número de mortes de aves em 90%. Juntamente com o vidro com padrões, o Centro criou ainda um dos telhados verdes maiores do país, que atraiu para ele dezenas de espécies de aves assim como cinco espécies de morcegos.“As medidas que tomamos para atrair a vida selvagem para as nossas cidades trazem benefícios para os seus residentes humanos. Aumentar o espaço para a natureza nas cidades é bom para a nossa própria saúde e bem-estar, pode prevenir as inundações e até fazer-nos poupar dinheiro em ar condicionado", diz Kylie Soanes.
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