quarta-feira, 21 de março de 2012

Existe uma escola melhor que a vida?


   
por Keli Soares -

Tem uma frase que fala: aprendemos pelo amor ou pela dor... Penso que aprendemos com a dor e com o amor... A dor nos faz sair do lugar desconfortável e o amor nos acolhe... nos cura... Nossas experiências do passado são jóias que nos enriquecem no presente, mas não podemos adotar uma postura de justificar nossos problemas atuais em função dos sofrimentos passados... Sou assim porque minha mãe isso... Meu pai aquilo... Meu irmão, minha professora... Minha infância foi sofrida e por causa disso não consigo isso ou aquilo... Essa bengala pode justificar, mas não nos traz bem-estar, não nos ajuda a ficar bem. É preciso utilizar essas aprendizagens do passado para construir um presente mais significativo. Quanto mais difíceis as experiências que tivemos, maiores são estes aprendizados...

Castañeda tem uma frase boa pra nos ajudar com isso: "Há muitas coisas que uma pessoa pode fazer, em determinado momento, que não poderia ter feito anos antes. Essas coisas não mudaram; o que mudou foi a idéia da pessoa sobre si mesma".

Podemos escolher ficar presos aos sofrimentos do passado ou nos libertar para viver no presente com o que ele pode oferecer. O presente é cheio de possibilidades, está aberto para que possamos vivê-lo e pronto para ser usufruído.
O que a gente faz, então, com os momentos difíceis do passado, com nossas histórias de mágoa que nos acompanham e ficam se repetindo?
Como disse Jung o que a gente mais resiste, persiste... O que fazer para viver o novo, para enxergar as novas possibilidades? Como nos livrar do vício das mágoas guardadas?

Eu não sei onde aprendi isso, mas guardar raiva é como tomar veneno e esperar que o outro morra...
De acordo com Teresa Robles não temos como mudar a história que vivemos no passado, mas podemos mudar nossa história íntima. Podemos acolher a parte em nós que foi magoada e deixar as feridas emocionais cicatrizarem. Achando que estamos nos protegendo, vamos tampando as feridas e deixando-as abertas com medo de sofrer de novo...

Mas isso não ajuda em nada porque nossa mente vai continuar atraindo experiências que nos lembrará a ferida tamponada até que tenhamos coragem de enfrentar a dor e deixar cicatrizar... Cicatrizar não significa deixar que nos magoem de novo; vamos nos lembrar do ocorrido, mas sem dor, com mais força, mais entendimento e sabedoria. "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional".

Eu sei que às vezes a pessoa vive experiências tão doloridas que fica difícil, sozinho (a) curar as feridas, se esse é o seu caso, procure ajuda de um profissional, você não precisa ficar sofrendo... A gente veio ao mundo para ser feliz... essa é a verdade! Existem muitas técnicas que podem ajudá-lo a reencontrar sua natureza.

Eu tive uma infância privilegiada. Não que não tenha tido problemas e sofrimentos porque tive muitos... Mas somando todas as aprendizagens o saldo foi mais do que positivo. Morei em uma casa com um imenso quintal que tinha o pomar mais rico do mundo. Eu estudava em cima de um pé de jabuticaba. Usava o chão de terra como lousa. Lia as lições e com um pedaço de galho de árvore brincava de ser professora e ensinava o que tinha aprendido na lição. Há pouco tempo, minha amiga Valéria disse que sempre que tinha prova, ela ia lá estudar comigo porque eu ensinava bem...

Neste quintal, eu fiz o velório e o enterro de todos os gatinhos e cachorros que tive e amei. Neste quintal, brinquei de casinha, de teatro, de dar aulas e aprendi as lições mais variadas...

Eu poderia optar por continuar sofrendo pois meus pais brigavam muito, porque me sentia sozinha, porque isso ou aquilo, porque com 11 anos tive reumatismo e tive que fazer um doloroso tratamento com benzetacil até os 18 anos... Tomava uma injeção por semana, cada semana em uma banda do bumbum... Mas ganhei o livro da Pollyanna e adotei a estratégia dela. O quintal era meu refúgio quando a briga era grande. E quando ia toda semana à farmácia tomar injeção ia andando e administrando o medo...

Pensava no começo do caminho... Quando na volta, já estiver aqui, o líquido da injeção já terá se espalhado e não vai doer tanto mais... Andava mais um pouco e pensava... vai passar rapidinho... Vou ter uma semana de folga... Quando eu vir já terá passado... E assim driblei a dor por muito tempo...

Definitivamente, não é inteligente ficar maldizendo a vida... É mais sensato fazer o melhor com o que não foi tão bom, decidir trilhar o caminho do amor, do coração... E isso me lembra de novo Castañeda:

"... Tudo é um entre um milhão de caminhos. Portanto, você deve sempre manter em mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. Só, então, você saberá que qualquer caminho não passa de um caminho, e não há afronta, para si nem para os outros, em largá-lo se é isso que o seu coração lhe manda fazer.

Mas sua decisão de continuar no caminho ou largá-lo deve ser isenta de medo e de ambição. Eu lhe aviso. Olhe bem para cada caminho, e com propósito. Experimente-o tantas vezes quanto achar necessário. Depois, pergunte-se, e só a si, uma coisa. Essa pergunta é uma que só os muito velhos fazem. Dir-lhe-ei qual é: esse caminho tem coração?

Todos os caminhos são os mesmos; não conduzem a lugar algum. São caminhos que atravessam a floresta, ou que entram por ela. Em minha vida posso dizer que já passei por caminhos compridos, mas não estou em lugar algum.

A pergunta de meu benfeitor agora tem um significado. Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer a sua vida. Um o torna forte, o outro o debilita".


Você já se fez essa pergunta hoje? Tem coração o seu caminho?

Se não, escolha trilhar o caminho do amor.
Se uma torcida ajudar, saiba que estou torcendo por você!!!

Abraços no coração!

Keli


Extraído do Site Stum ( foto incluída )

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